domingo, 18 de março de 2012

Livro - Por favor, cuide da Mamãe

Brasilia, 18 de março de 2012.



Acaba de ser publicado no Brasil livro de autora sul-coreana que é uma boa novidade:  “Por favor, cuide da Mamãe”, de Kyung-Sook Shin, Editora Intrínseca, 2008/2012, 236 páginas.  Autora  de vários romances, recebeu diversos prêmios e vive hoje entre Seul e Nova York, onde é professora na Colúmbia University. “Por favor, cuide de Mamãe”, primeiro livro de Shin publicado no Brasil, alcançou sucesso mundial, tendo sido publicado em 23 países: somente na Coréia do Sul, vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares.  A narrativa é delicada, terna, encantadora. A personagem central, a Mamãe Park So-nyo, de 69 anos (ou são 71 anos?), é moradora de uma aldeia pobre no interior da Coréia do Sul: tem quatro filhos já crescidos e o marido, com quem está casada há mais de cinqüenta anos.  A família está reunida em Seul, na casa do irmão mais velho, Hyong-chol, trocando idéias a respeito do desaparecimento da Mamãe,  há cerca de uma semana. O marido, como sempre fazia, caminhava à frente da mulher, na certeza de que ela o seguia, embora recentemente ela tenha reclamado para que ele andasse mais devagar.  Park So-nyo havia sofrido um derrame há alguns anos, o que passou praticamente despercebido pela família, mas que a deixou desorientada, confusa, vulnerável.  Levava uma vida de dificuldades e sacrifícios, trabalhando duramente.  Na visita aos filhos em Seul, perdeu-se do marido e ficou sozinha, à entrada do metrô, não conseguindo voltar a manter contato com qualquer um deles.  Os filhos e o pai se desdobraram numa busca incessante, dia e noite, ponto a ponto.  Enquanto isso, pela visão de três deles são narrados e revelados aspectos pouco conhecidos da vida atribulada e sacrificada da Mamãe, gerando relexões, profundas emoções, lembranças do passado e até mesmo remorsos. O relato é delicado e envolvente, mostrando uma mulher que poucos conheciam de verdade, batalhadora e repleta de emoções.  Para mim, foi particularmente surpreendente o intenso clima religioso  descrito no epílogo, com vivas cores cristãs, durante a viagem de Chi-on, a filha escritora,  à Itália,  acompanhando o namorado Yu-bin,  na bela descrição da visita à Basílica de São Pedro,  diante da visão emocionante da Pietá, a mãe de Jesus: “Tão logo vê a graciosa imagem da Mãe de Jesus amparando o corpo do filho que acabara de exalar o último suspiro, você se sente paralisada. Será o mármore? Parece que o filho morto ainda conserva algum calor no corpo.  Os olhos da Mãe de Jesus estão cheios de dor, enquanto sua cabeça se inclina na direção do corpo do filho caído no colo... “  E aí se dá o clímax:   “Mas agora que vê a estátua do outro lado do vidro, sobre um pedestal, envolvendo com seus braços frágeis toda a dor da humanidade desde o Gênesis, você não consegue dizer nada...  E só então as palavras que você não conseguiu dizer diante da estátua escapam de seus lábios.  Por favor, por favor, cuide da Mamãe”.   Sobre o livro, o escritor Abraham Verghese, autor de Cutting for Stone, afirmou:  “Um romance maravilhoso, que permaneceu em minha mente muito tempo depois de eu ter terminado de ler suas últimas e perturbadoras páginas”.
Abraços.

Antonio A. Veloso.

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