terça-feira, 28 de março de 2006

Estudo do “Credo Apostólico” 03

Estudo do “Credo Apostólico” 03

PARÓQUIA N. S. DO PERPÉTUO SOCORRO
Curso: Estudo do “Credo Apostólico”
Expositor: Prof. Paulo Ueti
(5 encontros)
Notas Avulsas
3º Encontro: 27/03/2006, 2ª feira (16h10 às 18h06).
O Prof. Paulo Ueti fez as seguintes indicações de textos:
“O Nascimento dos Dogmas Cristãos”: Bernard Meunier
(Edições Loyola).
b) “Teologia da Revelação” – 4 Tomos.
1º Tomo: “ O Deus da Salvação” (Edições Loyola)
c) Carta Encíclica do Papa Bento XVI: “Deus Caritas Est”.
Foi feita referência à oportunidade do lançamento da Encíclica do
Papa Bento XVI, sobre o amor cristão: “Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16). A questão do “eros” e do “agape”. O amor “êxtase”.
As descrições de Ozéias e Ezequiel sobre a paixão de Deus pelo
seu povo, com arrojadas imagens eróticas. O Prof. Paulo Ueti falou
da importância do erotismo como fonte do desejo, fazendo a gente
ir para a frente. O cuidado para não perder o desejo.
Foi referido à teologia anterior do batismo, já superada, e que atribuía o pecado original à difundida história do pecado contra a castidade, entre Adão e Eva. Todo mundo nasce na verdade em pecado. A base está na desobediência. Deus cria o mundo. Já o pecado faz parte da natureza humana, do nosso descompasso. Faz parte da vida, da nossa existência. Negar o pecado seria desumanizar-se.
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São Paulo (Romanos 6):
“Que diremos, então? Que devemos permanecer no pecado a fim de que a graça se multiplique? De modo algum! Nós, que morremos para o pecado, como haveríamos de viver ainda nele? Ou não sabeis, que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova. Porque se nos tornamos uma coisa só com ele por morte semelhante à sua, seremos umas coisa só com ele também por ressurreição semelhante à sua, sabendo que nosso velho homem foi crucificado com ele para que fosse destruído esse corpo de pecado, e assim não sirvamos mais ao pecado. Com efeito, quem morreu, ficou livre do pecado. Mas se morremos com Cristo, temos fé que também viveremos com ele, sabendo que Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem mais domínio sobre ele. Porque, morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; vivendo, ele vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, que o pecado não impere mais em vosso corpo mortal, sujeitando-vos às suas paixões; nem entregueis vossos membros, como armas de injustiça, ao pecado; pelo contrário, oferecei-vos a Deus como vivos provindos dos mortos e oferecei vossos membros como armas de justiça a serviço de Deus. E o pecado não vos dominará, porque não estais debaixo da Lei, mas sob a graça. E daí? Pecamos, porque não estamos debaixo da Lei, mas sob a graça? De modo algum! Não sabeis que, oferecendo-vos a alguém como escravos para obedecer, vos tornais escravos daquele a quem obedeceis, seja do pecado que leva à morte, seja da obediência que conduz à justiça? Mas, graças a Deus, vós, outrora escravos do pecado, vos submetestes de coração à forma de doutrina à qual fostes entregues e, assim, livres do pecado, vos tornastes servos da justiça. Emprego uma linguagem humana, em consideração de vossa fragilidade. Como outrora entregastes vossos membros à escravidão da impureza e da desordem para viver desregradamente, assim entregai agora vossos membros a serviço da justiça para a santificação. Quando éreis escravos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. E que fruto colhestes então daquelas coisas de que agora vos envergonhais? Pois seu desfecho é a morte. Mas agora, libertos do pecado e postos a serviço de Deus, tendes vosso fruto para a santificação e, como desfecho, a vida eterna. Porque o salário do pecado e a morte, e a graça de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
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Em vez de nos preocuparmos em falar sobre o pecado ou sobre o
demônio, o melhor é deixá-los de lado e falar sobre a graça de Deus. Não faz sentido perder tempo com as coisas que já passaram e que já não têm mais poder sobre a gente. Precisamos libertar-nos dessas manipulações.
7. O Prof. Paulo Ueti convidou a todos os participantes para a leitura e reflexão, passo a passo, dos capítulos e artigos dos dois Credos – o Credo Apostólico e o Credo Niceno-Constantinapolitano (nº 184 do Catecismo da Igreja Católica)
8. Conforme relembrou, já foi feito anteriormente o comentário sobre o primeiro artigo: “Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.”
9. Artigo 2º: “E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos.”
10. Foi sublinhada a diferença com o texto do símbolo niceno, em que se explicita: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.”
11. Nos comentários, foi observado que o Credo faz a identificação de Jesus como o Messias. Cabe a nós ver claramente qual é esse Messias. (v. Isaías) – O Messias de que falamos é o Jesus de Nazaré, que é o Cristo. É aquele que precisa da nossa adesão. Na nossa religião, Jesus vai vocacionar a gente, vai chamar a gente.
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12. Na nossa fé cristã, Deus se identifica tanto e tanto conosco, com a nossa realidade humana, que vira gente e necessita de nós. Veja-se o diálogo de Jesus com a samaritana, cheio de equidade. Jesus inicia a conversa fazendo o pedido: “Tenho sêde”. Ou seja: eu necessito de água.
13. Em hebraico, garganta quer significar alma. Sêde: necessidade vital do ser humano. A água que vai ser dada a Jesus pela samaritana é efêmera. Mas a água anunciada por Jesus é plena, é de vida eterna.
14. Outro evento lembrado foi o de que Jesus não realizou milagre em Nazaré, por falta de adesão do povo. Temos, pois, o Messias dentro da teologia da necessidade.
15. Em grego, a palavra Senhor é kyrios e significava o título do imperador. Após haver ressuscitado, eram feitas referências a Jesus como sendo Senhor. Diferentemente do imperador, o senhorio de Jesus é o serviço e não a dominação. Dominar, obrigar, oprimir, nada disso combina com o senhorio de Jesus.
16. Lucas: “que vocês não sejam como as nações, que dominam os povos, escravizam os pobres e humildes”.
17. Jesus não se parece, em nada, com o imperador do Império.
18. O Prof. Paulo Ueti mencionou a parábola do bom pastor, dizendo que é mania nossa imaginar que o bom pastor corresponde ao padre e que as ovelhas perdidas somos nós. É bom ter em conta que nos aproximamos da família cristã pelo batismo. Na verdade, a nossa Igreja é a pastora do mundo. A Igreja se perdeu. Abandonamos o senhorio do império para assumir o senhorio do serviço de Jesus. Vamos em busca da ovelha para trazê-la de volta.
19. Quem é o Senhor da Vida da gente? Veja-se o caso da violência doméstica. É crime, mas não a tratamos como pecado. Não esquecer que Jesus é o senhorio e que nenhuma violência deve ser permitida.
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20. Foi indicada a leitura do capítulo 8 da carta de São Paulo aos Romanos, de modo a considerar sob qual espírito estou vivendo: pelo espírito de Deus? “Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte.”
21. Jesus, aquele que ressuscitou, Ele é o caminho da minha vida! A disposição de entrega a Deus é muito boa e própria. Mas é preciso nos mobilizarmos.
22. Foi mencionado outro trecho relevante do Credo par avaliar: o problema da divindade e da humanidade de Jesus. Os dois Credos recusam a heresia que dividiu Jesus – pedaço homem e pedaço divino. A mesma postura em relação à heresia de que Jesus era Deus disfarçado, uma aparência de humano.
23. Ocorrreu no século III a difusão da heresia da negação da humanidade de Jesus. A propósito, por exemplo, do episódio dos discípulos de Emaús, fala-se de que Jesus fez que passou e não queria de fato passar, mas estaria apenas testando os discípulos. Jesus na verdade não procurou testar ninguém: quem testa é o demônio. Deus não faz teste com as pessoas.
24. Há, também, o tema da aprendizagem de Jesus: nega-se o desenvolvimento humano de Jesus. Lucas: “Jesus crescia em graça, em estatura e sabedoria, diante de Deus e dos homens”.
25. Se não fosse assim, Deus estaria em contraposição com a humanidade. Seria o mesmo que dizer que como gente não se chega a Deus. Alma separada do corpo.
26. Tecnicamente, deve-se falar em economia da salvação, querendo significar que não se trata de algo isolado. É um processo, representando várias situações. Exemplo: o Antigo Testamento é uma pré-história de Jesus. A sua vinda dá a plenitude e continua. Outra indicação: a anunciação do anjo a Maria. Ela deu o sim, mas poderia ter dado o não. Deus chamou e ela aceitou, embora não tenha sido uma decisão fácil e tranqüila. Maria não era uma figura passiva, tendo participado de um processo de diálogo. Deus não mandou ou determinou: apenas perguntou. 5
No curso da sua vida, Jesus foi crescendo e se desenvolvendo e,
a prestação, passo a passo, foi se reconhecendo filho de Deus.
27. A nossa tradição vai reconhecer na economia da fé a posição especial de Maria. Ela tem o seu lugar na economia da salvação.
28. Dois dogmas dos primeiros períodos do cristianismo:
a) Jesus, gerado não criado, consubstancial ao Pai: ele é da mesma natureza de Deus (está em plena comunhão com Ele). Deus é o salvador, Jesus é o redentor e o Espírito Santo é o santificador. Ou seja: comunhão na Trindade. São distintos, em plena comunhão. O dogma é: Jesus é plenamente da condição divina e é plenamente humano, encarnado;
b) outro dogma (Éfeso): Maria é mãe de Deus e mãe de Jesus. Ao mesmo tempo, ela é mãe de Deus e de Jesus.
29. A idéia de que Jesus é 100% Deus e 100% homem deve ser ruminada na nossa espiritualidade.
30. Batismo: quer dizer mergulho. Jesus fazia parte do grupo de João Batista, que era profeta. Jesus pertence ao grupo profético.
31. Batismo no Espírito Santo: é toda a vida de Jesus, até a morte de cruz. Juntou-se a divindade e a humanidade de Jesus. Marcos 1,8: “Eu vos batizei com água. Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo”. Megulhar na vida, morte e ressurreição de Jesus.
Intervalo: 17h18 às 17h33
32. Foi feita a leitura do Credo niceno, com alguns comentários. Deus quer salvar toda a humanidade e não somente alguns privilegiados. A misericórdia de Deus é para todos, para toda a humanidade. A eleição de cada um é uma missão e não um privilégio. Com a missão, teremos mais serviço, maior compromisso. Na história dos talentos, vê-se que quem multiplicou o que recebeu vai ter mais. Nós assumimos o compromisso e vamos ser mais cobrados por isso: mais serviço, mais compromisso. 6
33. O desejo de Deus é salvar-nos. Toda a Bíblia, a Patrística e a tradição falam de que a salvação é um desejo de Deus.
34. Para nós, um critério básico é fazer a vontade do Pai. Tudo será dado por Deus como verdadeiro presente, de graça. Deus é graça e misericórdia! Aí está o sentido da gratuidade de Deus.
35. Concílio Vaticano II: a liturgia é a celebração do desejo de Deus que quer salvar toda a humanidade (v. Sacrossantum Concílio nº 5, sobre liturgia).
36. O desejo é primeiramente de Deus. Em seguida, o desejo é também meu, nosso. Não existe qualquer condicionamento da parte de Deus: é de graça!
37. O Prof. Paulo Ueti recomendou que se leia a Bíblia no contexto do Novo Testamento. Firmar em nós o entendimento de que não existem condicionamentos na teologia da salvação. Deus é graça pura! É fundamental ler a Bíblia (NT) como se fosse fruta nova; associar a isso a prática de comprar e ter à mão textos sérios de espiritualidade, com base em bibliografia recomendada.
Brasília, 28/3/2006

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