Brasilia, 9 de maio de 2012.
A sensação é muito boa, a propósto da leitura do delicioso 15º. Livro
do Pe. Rafael Vieira, Pároco da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no
Lago Sul, aqui em Brasília: “O Tempo Voa – 50 anos de uma
vida” (Scala Editora, Goiânia/2012, 120 páginas).
O texto tem
prefácio primoroso e revisão da paroquiana Márcia Lyra Nascimento Egg, que
assinala: “É um belo, autêntico e corajoso livro de vivíssimas
memórias, um verdadeiro ato de bravura de alguém que cresceu o suficiente para
não precisar mais mentir sobre coisa alguma”. Com disciplina
, o livro foi desenhado de 1963
a 2013, contendo temas específicos e reflexões para cada
ano (alegria, sofrimento, liberdade ...), abrangendo os cinqüenta anos de idade
do autor, acrescidos dos sete meses prematuros vividos no ventre materno.
Diferentemente do que o autor procura minimizar, o texto é valioso
e rico, embora muitas vezes despojado, revelando coisas íntimas, essenciais e
perenes. Nesse contexto, o autor revela: “Meu humor é terrível. Os
amigos que vivem próximos de mim são altamente penalizados pelo meu costumeiro
azedume. Divertir é uma das atividades que eu menos realizo na vida, ainda
assim compreendo e aceito que se trata de uma benção. Sorrir faz bem para
a alma. Uma vez eu li que o Espírito Santo é o bom humor da Santíssima
Trindade”. “Um sorriso ensina muito”. Com
humildade e zelo, o Pe. Rafael, devagarinho, vai colocando as coisas no
seu devido lugar.” Jamais gostei de apanhar de ninguém, mas jamais
tive prazer em bater nos outros. A força que busco tem outro poder: é a
força da fé. A força de Deus.” Com sabedoria, fala em seguida das
amizade que construiu desde a sua infância: “Conheço e amo pessoas
esplêndidas”... “A amizade é uma experiência completa ... Acho que
se pode dizer que ser cristão é ser amigo”. Reflete, também com
força, sobre o discernimento: “Discernir é o verbo que se conjuga para
tomar consciência mais profunda do que somos e queremos, do que somos capazes
de falar e de fazer... E estou certo de que discernir seja algo muito próximo
da oração”. O Pe. Rafael viveu amplas e variadas experiências, no
Brasil e no mundo, que são indicadas com riqueza de informaçõese avaliações,
inclusive aquelas que representaram a tentativa de “redescobrir a si
mesmo e andar em outra direção. No capítulo de 1983, por exemplo,
saiu de novo do seminário, dessa vez “com tudo bem planejado e comum
propósito bem definido: eu me sentia vocacionado, era verdade, mas
precisava fazer uma experiência concreta de trabalho e de namoro”.
Em 1987, sob o título de vocação, é relatado o início da sua
habilitação para o ofício de jornalista e o tocante episódio de relacionamento
com ator da TV Globo, com o grande envolvimento de amizade e o trágico
desenlace após o ano em que se encontraram em Roma, sem nenhum comentário da
doença que o estava vitimando. Nos anos
de 1990 a
1993, fala com intensidade das viagens a Roma e outros países, fato que mudou a
rota da sua vida. Em seguida, volta ao Brasil e retoma suas atividades e
os desafios interiores: “Hipertenso, obeso, compulsivo, sedentário,
estressado, eu só conseguia ver problemas na minha frente” . Em
1998 , enfrentou séria depressão: “Não me lembro de ter ido tão
fundo no sentimento de vazio existencial“ . O ano de 1999 é
marcante de emoções, especialmente em torno do Papa João Paulo II, a quem foi
entregue, na praça de São Pedro, um volume com um milhão de assinatura do povo
brasileiro de apoio ao gesto de celebração do ano jubilar de 2000. Define o
Pe.Rafael: “Emoção é o nome que a gente dá a todas as vezes em que o
nosso ser transborda”. A análise feita no ano 2000, sobe o
amor, é importante e densa: aos 37 anos, confessa
que ainda o “transtornava um pouco avaliar
o namoro e o casamento como possibilidades concretas”. Não se
tratava de insegurança vocacional, pois estava pacificado em suas escolhas:
“o que me trazia inquietude era considerar a vida em suas
surpresas.” De passo em passo, enfim.tudo vai se mostrando em
crescimento e os prenúncios para 2013, segundo o autor, são de vislumbrar um
ano cheio de vigor para a Igreja inteira e de animação
pessoal: “A fé é o meu alimento de todos os dias... O vigor que
sinto vem da minha fé... Minha vida é a expressão absoluta do quanto Deus
é bom com os pequenos e os pobres.” Mergulhei no livro e me
encantei!
]
Abraços.
Antonio A. Veloso.
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