quinta-feira, 31 de maio de 2012

Livro: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Brasilia, 27 de abril de 2012.

Encantei-me com a leitura de ótimo texto de autor brasileiro:  “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”,  de Marçal Aquino (Cia. das Letras, 2005/2012, 229 páginas).  

 O autor é paulista de Amparo, nascido em 1958, com diversos títulos publicados desde 1999;  foi roteirista de diversos filmes e o romance ora comentado serviu de base para filme que acaba de ser lançado no circuito comercial, sob a direção de Beto Brant e Renato Ciasca, com Camila Pitanga no papel principal.  O texto me surpreendeu agradavelmente:  é inteligente, bem elaborado e dinâmico, ótima concepção, atraindo vivamente o leitor.  Trata-se de romance cheio de sensações e surpresas, no contexto de uma “cidade de garimpo do interior do Pará, conflagrada pelas tensões de uma corrida de ouro ...”  Os personagens centrais vivem um tumultuado triângulo amoroso -  um fotógrafo vindo de São Paulo, Cauby, uma ex-prostituta , Lavínia,  mulher sedutora, instável e misteriosa,  e um pastor, o pacífico Ernani.  Circulando pelo texto, curiosamente, as “tiradas” e os “ensinamentos” do estranho e pouco hortodoxo filósofo do amor, professor Benjamim Schiamberg,  autor, entre outros, do livro “O que vemos no mundo”.  Também paralelamente aos acontecimentos principais, vai sendo desvendada a paixão platônica entre o Careca  e Marinês, com desfecho surpreendente.  Tudo isso num cenário de conflitos e turbulências  -  ambiente hostil, submundo, disputas entre garimpeiros e uma mineradora  -   com os personagens movidos por razões e forças que não conseguem controlar, ricas de surpresas.  A região,  em meio às tensões e disputas, é quase terra de ninguém, permitindo um pouco de tudo:  prostituição aberta, amores clandestinos, delitos, apedrejamentos e chacinas.  A qualidade e habilidade do autor amenizam e diluem os excessos, de tal modo que a leitura flui naturalmente e com gosto.  O estilo é enxuto, direto, bem articulado, às vezes beirando o cinismo, aberto nas cenas mais íntimas e sensuais.  Para mim, foi uma descoberta de autor refinado, talentoso, consistente, e que consegue conduzir com êxito a difícil travessia de uma “  vertiginosa e acidentada história de amor ... “
Abraços,
Antonio A. Veloso.

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