Brasilia, 31 de março de 2014.
Amigos.
O romance (“Falar sozinhos”, Editora Alfaguara, 2012-2013,163 páginas) e o autor (Andrés Neuman, nascido em 1977, em Buenos Aires), são inteiramente novos para mim, ele fazendo parte da nova galeria de escritores argentinos, celebrado com o “Viajante do século” (2011), vencedor do Prêmio Alfaguara e do Prêmio da Crítica na Espanha. O livro é “o resultado de um belo e trágico romance, ao mesmo tempo prazeroso em seu empenho ao resgatar a memória do desejo”. A delicada narrativa é o testemunho do que se passa em torno de três personagens - Lito, um menino de dez anos, sua mãe Elena e o pai, Mário, muito doente. São três personagens de vozes solitárias, cada um de per si, com diferentes formas de narrar, descrevendo a sua história: Lito vive sonhando com caminhões e com a prometida viagem para entrega de carga, no veículo Pedro, na companhia do pai; Mário, doente, preocupado em deixar com o filho uma memória feliz e positiva, nessa viagem singular e decisiva para os dois, sendo a primeira vez juntos e talvez a última. Elena, a mãe dedicada aos dois, atormentada com a ameaça da perda e vivendo surpreendente aventura amorosa. Através dela - que se defronta com instigantes desafios morais - o autor revela a sua intimidade com os livros, a literatura viva e dinâmica dos tempos atuais. “Falar sozinhos”, revelando-nos a nova e vibrante ficção do escritor argentino Andrés Neuman, mostra com grande sensibilidade “o que acontece quando três personagens decidem falar sozinhos em um romance” - três personagens de vozes distintas e solitárias, mas fortemente ligados pelo amor, pela doença e a morte e pela literatura. A narrativa tem início com Lito se surpreendendo com a declaração do pai: você já é um homem. E o convida para arrumar imediatamente a mochila e seguir viagem no caminhão Pedro, do tio caminhoneiro, Juanjo. E a partir daí segue-se uma narrativa atraente, profunda e sensível. O pai, Mário, é cuidadoso em gravar um depoimento com aquilo que gostaria de dizer ao filho quando tivesse mais idade. Elena, voraz leitora de livros, registra trechos dos textos que lê e associa à sua vida, além de anotar em diário a sua vida íntima e os seus conflitos, inclusive o seu desconforto com o envolvimento amoroso com Ezequiel, o médico de Mário. A propósito do autor, o escritor chileno Roberto Bolãno assim se manifestou: “Um talento iluminado. A literatura do século XXI pertencerá a Neuman e a alguns poucos de seus irmãos de sangue.”
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