terça-feira, 1 de abril de 2014

Livro - Falar sozinhos

Brasilia, 31 de março de 2014.


Amigos.

O romance  (“Falar sozinhos”, Editora Alfaguara, 2012-2013,163 páginas)  e o autor (Andrés Neuman, nascido em 1977, em Buenos Aires),  são inteiramente novos para mim,  ele fazendo parte da nova galeria de escritores argentinos,  celebrado com o “Viajante do século”  (2011),   vencedor do Prêmio Alfaguara e do Prêmio da Crítica na Espanha.   O livro é “o resultado de um belo e trágico romance,  ao mesmo tempo prazeroso em seu empenho  ao resgatar  a memória do desejo”.   A delicada narrativa é o testemunho do que se passa em torno de três personagens -  Lito, um menino de dez anos,  sua mãe Elena  e o pai,  Mário, muito doente.  São três personagens de vozes solitárias,  cada um de per si,  com diferentes  formas de narrar, descrevendo a sua história:   Lito vive sonhando com caminhões e com a prometida viagem  para entrega de carga, no veículo Pedro, na companhia do pai;   Mário, doente, preocupado  em deixar com o filho uma memória feliz e positiva,  nessa viagem singular e decisiva para os dois,  sendo a primeira vez juntos e talvez a última.   Elena, a mãe dedicada aos dois,  atormentada com a ameaça da perda e vivendo surpreendente aventura amorosa. Através  dela  -  que se defronta com instigantes desafios morais  -  o autor revela  a sua intimidade com os livros, a literatura viva e dinâmica dos tempos atuais.  “Falar sozinhos”,  revelando-nos a nova e vibrante ficção do escritor argentino  Andrés Neuman,  mostra com grande sensibilidade  “o que acontece quando três personagens decidem falar sozinhos  em um romance”  - três personagens de vozes distintas e solitárias, mas fortemente ligados pelo amor, pela doença e a morte e pela literatura.   A narrativa tem início com Lito se surpreendendo com a declaração do pai:  você já é um  homem. E o convida para arrumar imediatamente a mochila e seguir viagem no caminhão Pedro, do tio caminhoneiro, Juanjo.  E a partir daí segue-se uma narrativa atraente,  profunda e sensível.   O pai, Mário,  é cuidadoso em gravar um depoimento com aquilo que gostaria de dizer ao filho quando tivesse mais idade.   Elena, voraz leitora de livros, registra trechos dos textos que lê e associa à sua vida, além de anotar em diário a sua vida íntima e os seus conflitos, inclusive o seu desconforto  com o envolvimento amoroso com Ezequiel, o médico de Mário.  A propósito do autor,  o escritor chileno Roberto Bolãno assim se manifestou:  “Um talento iluminado.  A literatura do século XXI pertencerá a Neuman e a alguns poucos de seus irmãos de sangue.”


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