quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Livros ("O desfile de Páscoa")

Brasilia, 4 de janeiro de 2012.




Estou iniciando o ano de 2012 com um texto de alta qualidade, fruto da descoberta pessoal de um escritor americano requintado, Richard Yates.  Romance admirável, emocionante, a despeito da “dureza” da história: “O desfile de Páscoa”, de Richard Yates, Editora Alfaguara, 1976/2010,  22l páginas. Autor falecido em 1992, é hoje reconhecido como um dos maiores escritores americanos do século XX e que vem sendo redescoberto pelos leitores e pela crítica: publicou sete romances e duas coletâneas de contos, sendo três já publicados no Brasil: “Foi apenas um sonho (Rua da Revolução)”, 1961-1989/2009, filmado e adaptado sob a direção de Sam Mendes, com Leonardo Di Caprio e Kate Winslet;   “Desfile de Páscoa” ,  1976/2010; e “Uma providência especial”, 1965-1969/2011.  O texto de “O desfile de Páscoa” é vibrante, delicado, envolvente, melancólico: é a história de Sarah e Emily, duas irmãs muito ligadas e diferentes.  “Nenhuma das duas irmãs Grimes teria uma vida feliz e, olhando em retrospecto, sempre  pareceu que o problema começou com o divórcio dos pais. Isso aconteceu em 1930, quando Sarah estava com nove anos e Emily, cinco.”  A irmã mais nova, Emily, quer ser como a mais velha, Sarah, “bonita e extrovertida, e tem ciúmes da relação da irmã com o pai”.  Sarah se casa logo cedo com um jovem arrojado, que parece o marido ideal.  Emily segue uma vida mais solta e prefere a vida mais independente, interessada no sucesso profissional.  Os seus relacionamentos são mais instáveis e acidentados, nunca a satisfazem inteiramente.  No fundo de tudo, a vida de ambas esconde grandes conflitos de família e de relacionamentos, descrevendo trajetórias tumultuadas e tempestuosas.  Para o leitor, é um grande e vibrante envolvimento, às vezes dolorido e melancólico.  Como assinalou o escritor Kurt Vonnegut: “Poucos homens, desde Flaubert, mostraram tanta simpatia por mulheres cujas vidas são um inferno”. Em síntese,   trata-se de “um livro corajoso, brilhante” (Sunday Herald).
Abraços.
Antonio A. Veloso.

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