quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Brasilia, 13 de agosto de 2015.

Rogério e Waldemir,
Grato pela indicação,  Rogério:  o conto é criativo e singular.  Curioso.  Abraços.
Antonio A. Veloso.



Texto:   “Sono”, de Haruki Murakami,  com ilustrações de Kat Menschik,  Editora Alfaguara,  1990-2015, 109 páginas.
O autor, Haruki Murakami,  um dos  mais renomados da atual geração de escritores japoneses,  nasceu em Kyoto, no Japão,  em janeiro de 1949.  Autor de muitos títulos relevantes, entre os quais a trilogia 1Q84.   A edição brasileira do conto “Sono” recebeu tratamento  especial da Editora Alfaguara,  com tradução do japonês de Lica Hashimoto e ilustrações  de Kat Menschik,  uma das fundadoras da revista de quadrinhos A.O.C., na metade dos anos 1990.   O texto, inédito no Brasil, é criativo e inusitado,  revelando um “mundo duplo de sombras e silêncio,  um mundo onde nada é o que parece.”  A protagonista da história vê-se,  de repente, às voltas com a falta absoluta de sono:   não é uma insônia,  mas algo concreto  -  um sonho real,  um transe -  em que  identifica a seu lado uma sombra negra e indistinta:   a sombra de um enorme velho magro,  vestido de agasalho negro,  com um regador despejando água abundante a seus pés.  “É o décimo sétimo dia em que não consigo dormir”.   Ela era uma mulher do lar, de vida normal, casada com um dentista e tendo um filho menor.  Ela lembra de  um  episódio de insônia lá atrás, mas que um dia teve fim de repente,  “sem nenhum prenúncio nem motivo aparente.  Ela dormiu profundamente durante vinte e sete horas  seguidas.”  Quando acordou, era a mesma de sempre,  não sabendo dizer porque  tinha ficado com insônia nem como tinha se curado de uma hora para outra.   Agora,  era tudo muito diferente:  apenas e simplesmente  não conseguia dormir.  Ela não tinha sono,  mantinha-se com a consciência lúcida e em pleno estado de vigília. “Meu marido e meu filho nem sequer desconfiam  que estou há dezessete dias sem dormir.  Eu também não lhes disse nada.  Caso eu resolvesse  contar,  sei que eles me mandariam procurar  um médico...  Meu dia a dia continua o mesmo de sempre:  muito tranqüilo e organizado.”  Aos poucos,   ela vai introduzindo hábitos em sua rotina sem sono:   a releitura do livro Anna Karenina, de Tolstói, durante as madrugadas,  até o amanhecer;  a retomada do hábito da bebida (conhaque Rèmy Martin);  a ida ao Clube,  para nadar pela manhã durante uma hora;   os passeios solitários de carro pela cidade;  a recuperação do hábito de comer chocolate durante as leituras;   eram mantidas as obrigações habituais (fazer compras, preparar o café da manhã,  o almoço e o jantar).   Ninguém percebia que ela mudou e que não dormia.  E tudo transcorria como s nada tivesse mudado.

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