sábado, 3 de dezembro de 2011

Livros ("A última façanha do major Pettigrew")

Brasilia, 3 de dezembro de 2011.




Acabei de ler livro delicioso: “A última façanha do major Pettigrew”, da inglesa Helen Simonson (Editora Rocco, 2010/2011, 43l páginas). Trata-se de ótima indicação que me foi feita pelo nosso amigo comum Araken, de São Paulo, por sinal um leitor assíduo, atento, atualizado  e vitorioso.  É o primeiro romance de Helen Simonson, que nasceu na Inglaterra e mora nos Estados Unidos há cerca de vinte anos, em Washington, acompanhada do marido e dos dois filhos. O texto é gentil, amoroso, repleto de tiradas espirituosas, no estilo do humor tipicamente inglês: “O major  Ernest Pettigrew preza tudo aquilo que o homem inglês deve possuir para viver dignamente: honra, dever, decoro e uma xícara de chá na temperatura certa”. O que não falta durante todo o relato é chícara de chá, brindando tudo e se envolvendo diretamente com a delicada narrativa:o major Pettigrew é viúvo de dois anos, com 68 anos de idade, oficial aposentado, vivendo em Edgecombe, uma pequena e mexeriqueira cidade do interior da Inglaterra, “cercada por colinas e povoada por vizinhos fofoqueiros e apegados às convenções”.  Espirituoso e inteligente, formal e carismático, o major é relativamente feliz com a sua vida simples e tranquila, com as “idas semanais ao clube de golfe, telefonemas esparsos do filho ocupadíssimo e com a leitura dos poetas clássicos, acompanhada de um tradicional chá inglês”.  Descobre-se repentinamente sozinho, com a morte do irrmão Bertie, e se aproxima sutilmente de uma paquistanesa de nome Ali, com 58 anos, dona do mercadinho local, também viúva e leitora dos clássicos, silenciosa, gentil e generosa.  A narrativa é um encantamento e cheia de sutilezas: as intrigas das famílias e dos vizinhos; a história curiosa das duas famosas espingardas Churchill herdadas do pai e divididas em herança, uma para o major e a outra para o irmão Bertie; a estrondosa e tumultuada festa de fim de ano no clube; o difícil encaminhamento do relacionamento do major com Ali, um casal diferente, atípico.  De vez em quando, as “tiradas” inglesas: “mas hoje em dia os homens esperam que a esposa seja tão deslumbrante quanto a amante. – È um absurdo, disse o major. Como é que eles vão distinguir uma da outra?”   De qualquer modo,  o amor vai se encaminhando e assumindo a sua posição de chama forte, definitiva, destruindo as barreiras, vencendo a precariedade da sociedade moderna, os preconceitos culturais, de cor e de raça.  Sempre com o toque inglês e com o mistério do Paquistão.  Votos de boa leitura.  Abraços,

ANTONIO A. VELOSO.

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